Fermanl _ Acontecimentos Hipercâmpicos

Manuscrito 20010112

Acontecimentos Hipercâmpicos

N’aucun black-hole ne peut se  constituire comme une impossibilité ad hoc. C’est évident. C’est naïf. C’est fondamental.

                                                                                                       Fermanl, La Tragédie de L’Erreur.

 

Quando surgiu o primeiro buraco negro? O próprio big-bang é uma singularidade... um acontecimento hipercâmpico, como diz Fermanl.

O que é um acontecimento hipercâmpico? É um túnel estrutural que ocorre aleatoriamente nos focos da hipérbole fundamental do espaço-tempo devido à sintonia escalar do seu momento universal.

O problema do jogo dos dados assume para Deus uma transcendentalidade obviamente muito diversa da de qualquer mortal. A pesquisa de aleatório de Deus perspectiva as diversas componentes - os dados em si, o modo como rolam - com o envolvimento conjuntural - o espaço-tempo, o campo gnóstico, o chão. Muito diferente, portanto, da mera ganância circunstancial de beneficiar de um beneplácito com pouco esforço. Em última análise, são duas realidades diferentes.

Mas Deus rege o seu próprio Destino, enquanto que o jogador se submete. Neste aspecto, é mais livre o consultor do I Ching que lê os limiares mântricos da sua roleta casual.

Não podemos esquecer que a força do big-bang inicial está em nós, também sob a forma de energia cinética que naturalmente tensiona a nossa esfera histórica e deste modo cria um campo estável para a nossa melhor derivada. Mas o big-bang é uma circunstância aleatória onde radica a singularidade - um acontecimento hipercâmpico.

O que são acontecimentos hipercâmpicos? São radicais-túnel, eventos físicos que possuem duas coordenadas bem definidas no manto do espaço-tempo equidistantes do foco assimptótico que as equaciona. Estas coordenadas definem um primeiro momento universal exactamente no big-bang - e eis instalado o modulador aleatório de onde surge o universo.

O primeiro momento universal reproduz-se, como vimos (citar), ao longo do escalar temporal até ao momento de sintonia onde nos descobrimos conscientes, materiais, estrutura organizada e evoluída mas não alheia ao standard model da física geral, e essa coroa escalar tange de facto, não só a expansão universal, mas o próprio big-bang "original". Original entre aspas porque neste sentido a necessidade causal dilui-se na intemporalidade que a visão do holograma do tempo proporciona. E o homem evolui porque quer.  Fermanl, La Tragédie de L'Erreur, 20001126.

Durante muito tempo, os astrofísicos viram as suas conjecturas acerca da origem do Universo – e do próprio big-bang – esbarrarem contra o muro da causa primeira e a sua perplexidade acabou mesmo por se reflectir na Filosofia, de tal modo que o próprio princípio de causalidade foi posto em causa, preterido em favor de um imanentismo incerto onde as corridas de taquiões produziram todos os delírios. Mas, o mesmo quotidiano que tem o condão de gerar e ocultar essas estranhezas, regressa fiel e sorridente à prática vida do dia a dia, onde tão extraordinários fireworks mais tarde ou mais cedo se revelam simplesmente ineficazes. E a velha questão regressa – o big-bang, sim, é plausível, mas o que é que deu origem a esse estouro primordial  - o que é que existia antes?

A recente teoria do universo inflacionário tentou responder a esta questão  propondo um modelo onde existe, não um, mas vários big-bangs para vários universos desdobrando-se auto-similarmente ao longo de um fractal cuja dimensão escalar torna irrelevante o critério de anterioridade. Uma boa teoria, que contribuiu decisivamente para a clarificação da nossa imagem estrutural da realidade. Fermanl preocupara-se com este problema durante a última década do milénio e, ao articulá-lo com as conclusões a que o desenvolvimento da Física Dimensional o conduzia, chegara à conclusão de que o big-bang tinha de necessariamente estar inscrito, não só na matriz global do universo, mas como componente da História (da informação) associada a cada partícula. Isto proporcionava-lhe uma visão formal do universo muito semelhante à produzida pelas considerações de Einstein  acerca da deformação gravitacional do espaço-tempo (a curvatura do espaço), mas onde o problema da origem se tornava ubíquo: o universo expande-se constantemente, desde o big-bang, a partir de qualquer das entidades que o estruturam. Para a Física Dimensional, o universo surgia assim como um conceito estrutural entre o big-bang, que Fermanl designou primeiro Aleph ou Aleph 1, e o segundo Aleph – a singularidade dimensional onde o tensor de fluxo da metadimensão se solve no segundo transfinito – o Aleph 2. Faltava apenas a Fermanl um conceito matemático produzido pelo campo da física ortodoxa que lhe proporcionasse uma ponte para o conceito dimensional do momento universal. Esse conceito, fundamental e decisivo, foi o conceito evoluído de escalar.

A partir daí, a lógica astrofísica de Fermanl tornou-se muito mais transparente, e a evidência “primordial” tornou-se-lhe óbvia: a semente aleatória funcional dessa singularidade em particular, e de todas as singularidades em geral, radica no carácter hipercâmpico desses acontecimentos, no seu posicionamento aleatório ao longo da função hiperbólica que define o seu campo.

Qualquer função hiperbólica é um túnel matemático-geométrico definido pelo conjunto das suas raízes.  O problema das singularidades é que se constituem como acontecimentos únicos, sim, mas por isso mesmo desligados do campo lógico-matemático-físico onde surgem. E esta visão é hipercâmpica.

Fermanl descobriu que o problema da origem do Universo – e, generalizando, do princípio de causalidade – ao constituir-se como acontecimento único, primordial e singular, nunca poderia proporcionar uma resposta dentro dos parâmetros da lógica científica filosófica – e mesmo de toda a Filosofia – porque o conceito de anterioridade universal é exterior ao próprio universo e a tudo aquilo que o constitui, incluindo nós próprios. Ou seja, é um fantasma criado por um silogismo onde uma das premissas é absurda.

Antes do Universo não existe Anterioridade.

 

Lá em baixo, o Aleph 1

 

Problema resolvido? Ainda não. No universo eficaz a causalidade não é, como vimos, um mito, mas uma realidade determinante. Mesmo o modelo do universo inflacionário não resolve o problema da pirâmide de complexidade  - transpõe esse problema de uma entidade matemática única para um conjunto.

Reeves (Hubert Reeves, que esteve em Portugal nos finais da década de 90) aborda com uma simplicidade notável o problema da pirâmide de complexidade  estrutural onde evolui o binómio ordem-entropia. Segundo ele, o universo evolui criando estruturas gradualmente mais complexas, um pouco à semelhança de uma pirâmide invertida em cujo vértice se situam os acontecimentos mais simples – ao nível da condensação particular. Bom, mas quando procuramos situar esse vértice para a pirâmide de causalidade, onde o iremos colocar – já que a causalidade primeira é absurda?

A resposta de Fermanl é: em nenhures. A singularidade subjacente transforma este problema num conceito em fuga – infinitamente em fuga – criando uma conjuntura que Fermanl coloca em paralelo absoluto com todo o seu raciocínio metadimensional. O vértice da pirâmide estrutural é um tensor de fluxo infinito que, consoante a vertente de abordagem à sua seta (à sua síntese) assim define o sentido e direcção: o Aleph 1, se consideramos esse vértice como uma entidade elementar; o Aleph 2, se encaramos a solução como o corolário de complexidade do raciocínio envolvido.

  • ·        O problema da causalidade na Física levou à consideração dos efeitos estruturais implícitos no modelo de espaço-tempo que serve de base ao Modelo Geral. Foi assim proposta a existência dos taquiões, partículas hipotéticas com velocidade igual ou superior à da luz, que surgiriam no universo com a sua seta temporal invertida, invertendo desse modo a relação de causa-efeito. O problema presta-se, naturalmente, às elucubrações teóricas mais aberrantes; mas a verdade é que, até hoje, nenhum taquião pode ser detectado de forma conclusiva e muito menos capturado para análise. Fermanl interroga-se mesmo acerca da real necessidade desse epistema (quando o Eggy acelera para além da velocidade da luz, consegue-o, não porque se transforme numa nave de taquiões mas porque os bradiões que o constituem se movem ao longo do tensor infinito de fluxo do metacampo). “Quando consideramos o espaço-tempo no seu conjunto, reconhecemos a possibilidade de existirem zonas temporais diversas onde os acontecimentos físicos evoluem de uma forma mais ou menos estanque (temporalidade e multiverso). Se vivemos ou não o pulsar de uma síntese consciente algures ao longo de uma cadeia de acontecimentos físicos onde o passado, o presente e o futuro estão solvidos, é uma questão, em última análise, bizantina: a nossa condição de seres conscientes é o resultado de toda a nossa experiência histórica, do nosso passado e do nosso futuro para o agora onde actuamos e modificamos, ou não, esse futuro; a nossa razão fundamenta-se na crença de que conseguimos transformar o futuro, contemplando toda a circunstância, mas decisivamente para além dela. Por outro lado, o efeito-túnel é uma realidade ao nível quântico; constantemente surgem e desaparecem partículas elementares que só podem ser provenientes de transferências entre zonas diferentes do espaço-tempo. É portanto possível que surjam no nosso presente partículas oriundas do futuro – oriundas de zonas que estão na lógica de continuidade da nossa seta evolutiva; mas nada nos garante que essas zonas do futuro estejam já formadas como campos estruturais complexos que possamos qualificar como uma humanidade futura, por exemplo. O efeito-túnel acontece ao nível particular como uma consequência dos processos físicos inerentes à condensação particular; mas a densidade desses acontecimentos é demasiado reduzida para como tal proporcionar uma transferência de informação complexa significativa. Os taquiões poderiam deste modo designar, não uma partícula nova (diferente das outras partículas que constituem o Modelo Geral), mas sim o conjunto das partículas que detectamos no nosso universo associadas ao efeito-túnel. Podemos, por exemplo, dizer que uma nave em túnel relativo é uma nave de taquiões; mas de facto a estrutura atómico-molecular dessa nave mantém-se inalterada como um conjunto, digamos, de electrões, neutrões e protões – de átomos – cuja coerência estrutural é a mesma do nosso banal quotidiano.

Tempus Fugit

O tempo de vida das partículas elementares, dos fotões, é, como sabemos, extremamente reduzido. Este facto coloca-nos numa situação aparentemente paradoxal quando consideramos os tempos que as equações metadimensionais nos indicam para a formação e duração dos metacampos.

Um metacampo relativo pode manter-se operativo por tempo indefinido – meses, anos, séculos, milénios mesmo se nada perturbar a necessariamente finita duração dos materiais. Mas como é isso possível se a fronteira metacâmpica é inerente ao campo existencial de qualquer partícula?

A lógica do continuum metadimensional é fértil em situações deste género, aparente-mente incongruentes. Na realidade, o problema reside apenas no facto de estarmos perante uma circunstância física diferente da que ocorre no universo “normal”. O núcleo do campo relativo é, todo ele, uma única partícula cuja massa varia em função da energia acumulada (existe um paralelo interessante no universo da Biologia: as células dos diversos organismos são geralmente microscópicas; no entanto, um óvulo é constituído por uma única célula que pode, como acontece por exemplo no caso da avestruz, atingir grandes dimensões e o peso de 1,5 quilogramas!); dizemos que a matéria condensada assume a forma neutrónica porque não existe carga eléctrica associada – todo o pequeno universo relativo está em tensão de equilíbrio ao longo do momento universal, pelo que não existe energia cinética que polarize o campo metadimensional relativo (não existe spin). Por outro lado, o campo metadimensional distende-se ao longo de um meta-espaço que contacta com o nosso universo através do interface fractal onde cintilam os gravinos (os focos isométricos dos gravitões, ou melhor, do gravitão associado; o gravitão componente do núcleo relativo é incomensuravelmente maior do que os gravitões “normais” do nosso universo.

Big Bang @ Drops

A fronteira particular entre o universo quântico e a metadimensão constitui um fractal gravítico – e a nossa percepção viaja o interface deste estranho mundo mutante que se estende entre a energia e a matéria: a metadimensão.

A fase Drops é em si mesma uma singularidade que simultaneamente radicaliza uma inerência plural e existe em nós tão naturalmente como o reflexo do próprio big bang – contém toda a nossa linha existencial. O desdobramento hiperbólico da singularidade é perceptível na gnose de Drops – uma dualidade hiperfocal. A circunstância inicial é um tensor atípico escalar que modela o interface no limiar metadimensional. A partir deste ponto dilui-se a despedida e reina o formalismo mutante da física dimensional, que tanto nos fascina pela pletora de real fantástico e insuspeito como pela sua equilibrada contenção e abrangência – pelo seu rigor. A compreensão do tensor de fluxo equivale à vertigem do voo.  Fermanl 20011229.

DROPS - Il pleut sur Amsterdam _ Fermanl 2009

 

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